Depoimento Hamilton Pedroso

Paciente de câncer de próstata

Olá, eu me chamo Hamilton Pedroso, tenho 63 anos, há 7 anos atrás fui diagnosticado com câncer de próstata, vou fazer um relato de como está sendo a minha experiência com a doença:

Ao completar 50 anos de idade comecei a me consultar com um médico urologista e a fazer exames preventivos de PSA e toque retal sistematicamente uma vez por ano, sempre no mês de Agosto. Os resultados sempre foram normais, o PSA dentro dos níveis normais para a minha idade.

Para a minha surpresa no ano de 2013, quando eu estava com 56 anos, o resultado do exame do meu PSA deu alteração, teve um aumento significativo passou 2,80 para 5,80 ng/ml, acima do valor de referência que o normal é até 4,00 ng/ml para a minha faixa etária.

Em conversa com o meu médico, eu já muito preocupado e com medo de estar com câncer, perguntei a ele se o PSA poderia ser uma prostatite (inflamação da próstata), ele me respondeu que sim e me perguntou se eu gostaria de tomar um anti-inflamatório. Eu aceitei, tomei por 30 dias, fiz novo exame e o PSA aumentou mais ainda, foi para 6,80 ng/ml.

Aí foi o meu erro, fiquei perdendo tempo achando que estava com prostatite. O médico me pediu para fazer biopsia da próstata, o resultado acusou câncer em grau 8, elevado na escala de Gleason (escala que mede a gravidade do câncer).

Marquei a cirurgia, fui operado, extraí a próstata, o material extraído foi para análise e foi confirmado que o câncer não ficou localizado, havia dado metástase nos linfonodos. Iniciei um tratamento chamado hormonioterapia, passei a tomar injeções para redução de hormônios de 3 em 3 meses.

O tratamento deu certo por 3 anos, em 2017 tive uma recidiva, o câncer voltou na mesma região da próstata, iniciei um novo tratamento com radioterapia, foram 31 aplicações. O câncer foi controlado, continuei com o tratamento de hormonioterapia, tomando as injeções trimestrais.

Em Janeiro deste ano de 2020, meus exames deram resultados alterados com o PSA subindo novamente, fiz exame de cintilografia óssea e foi confirmado metástase óssea no úmero e no ilíaco.

Continuo o meu tratamento tomando injeções mensais para os ossos, injeções trimestrais para eliminar os hormônios do organismo e mais quatro comprimidos diários de um remédio para combater o foco do câncer nos ossos.

A doença está controlada, passo por consultas periódicas para avaliação do meu médico, no mais levo uma vida normal.

Passei e ainda estou passando por tudo isso por ter me descuidado com os meus exames periódicos anuais de PSA.

Conforme relatei anteriormente, todos os anos, no mês de agosto, religiosamente eu fazia o exame, porém, no ano de 2012 por conta da correria no dia a dia do trabalho, atrasei minha consulta por nove meses, deixei de ir ao médico e fazer os exames. Eu estava tranquilo, o meu PSA no ano anterior estava dentro do limite normal de 2,80mg/mL, para a minha idade.

Esse atraso me custou caro, quando descobri o câncer segundo as opiniões dos médicos por ser um grau elevado na escala de Gleason, e, considerando o tempo que havia transcorrido entre a descoberta da doença e a data da cirurgia eu já estava com metástase.

Talvez, se eu não tivesse me descuidado, o desfecho poderia ter sido outro.

Teria feito a cirurgia logo no início e a doença não teria evoluído para metástase, o tratamento seria mais simples e com mais chance de cura, não estaria passando por todas essas dificuldades até hoje.

Para finalizar eu deixo um conselho aos homens:

Ao completar 50 anos, ou, se tiver histórico de câncer de próstata na família, aos 40 anos procure um médico urologista e dê início ao acompanhamento preventivo, realizando exames de PSA e toque retal quando necessário, não tenham receio e nem preconceito em relação ao exame de toque retal, é rapidinho e indolor, essa doença é traiçoeira, em grande parte dos casos não tem sintomas, quando menos se espera você pode estar com câncer.

O câncer de próstata quando diagnosticado no início, tem por volta de 90% de chance de cura total.

Se você foi diagnosticado com câncer de próstata enfrente a doença de forma natural, assim, facilitará muito o tratamento e seu processo de cura.

A aceitação da doença é o melhor caminho, não basta vencer a doença, é necessário também a conscientização de todos para que se previnam.

Um grande abraço a todos e vida que segue.